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Foto do escritorMartina Sakemi

Setembro Amarelo: mês de combate ao suicídio


COLUNA: Tanatologia: superando perdas



Meu nome é Martina Sakemi, sou uma mineira de Ipatinga, mas resido no Japão há mais de duas décadas. Após passar pelo processo de luto pela morte do meu marido, ter que superar a dor da ausência e ter a responsabilidade de cuidar e ajudar os meus três filhos a passarem por esse processo de perda, entendi que diariamente milhares de pessoas pelo mundo passam pela experiência desta mesma dor e passam por esse processo tão delicado de superação. Por issso, após conseguir me restabelecer, decidi me dedicar a ajudar outras pessoas nesse processo, estudando a tanatologia.


Mensalmente irei contribuir aqui no Portal Tá Na Mídia com artigos relacionados a esse universo de superação e dor, na expectativa de poder ajudar outras pessoas nesse que normalmente não tem espaço na grande mídia, mas pode fazer a diferença na vida das pessoas.


Como estamos no final do mês de setembro, período do Setembro Amarelo: mês de combate ao suicídio, decidi que esse seria o meu primeiro tema.


O que os membros de uma família enlutada pela morte de um suicida precisa saber


Quero compartilhar com vocês algumas das coisas que os membros de uma família enlutada pela morte de um suicida precisa saber.


Dedico também à memória daqueles que nos deixaram e não pudemos dizer-lhes tudo o que queríamos e nem ouvir seu pedido de socorro.


Vocês sabem quem são os sobreviventes? Os sobreviventes são familiares, amigos e parentes das pessoas que perderam a vida por suicídio. Gostaria de te ajudar a elaborar seu processo de luto pela morte deste seu ente querido da melhor maneira possível , tendo em conta de que se trata de um processo de luto com características diferentes e específicas.

Em geral, o suicídio é multicausal, ou seja, não há um único fator ou uma única circunstância que leve uma pessoa a atentar contra sua vida, embora possa haver um gatilho final, circunstância que geralmente leva muitos sobreviventes a pensar que esta foi a única causa e que eles poderiam ter evitado.


É comum também cometermos o erro de analisar o nosso passado com o conhecimento que temos agora. Não devemos esquecer que em muitos casos este ser querido escondeu o que lhe passava e não aceitou ou não quis aceitar nossa ajuda.

Os sobreviventes muitas vezes se perguntam; por que não se fala sobre suicidio?

Durante muito tempo o suicida e sua família eram duramente julgados pela sociedade. O suicídio tornou-se um tabu e um estigma social onde se evitava falar sobre isso e ainda se evita apesar de já estar sendo abordado mais abertamente na mídia.


Existem associações de prevenção ao suicídio ou grupos de apoio a familiares que perderam seres queridos por suicídio que exigem atenção e soluções para esta realidade há muito silenciada.


Embora cada pessoa possa reagir de forma diferente a um mesmo evento, e por isso não existe uma receita de bolo pronta de como agir ou como não agir, há uma série de comportamentos, pensamentos e emoções comuns por parte das pessoas que perderam um ente querido por esta causa.


Algumas das causas que diferenciam o luto por suicídio de outros tipos de luto são a culpa irracional, a estigmatização social, os pensamentos repetidos onde se tenta descobrir o porquê e, em alguns casos, até mesmo a ocultação e a vergonha.


Portanto, saber que o processo de luto pelo qual você está passando é normal, e que acontece com a maioria das pessoas que vivenciaram esse tipo de perda,e como você vai evoluir ao longo do processo já é de grande valia para você elaborar de maneira saudável o teu processo de luto .


Em nosso próximo artigo, falaremos sobre os mitos do suicídio em relação aos sobreviventes.


Até o próximo mês!


Martina Sakemi - Colunista e Youtuber


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